Os motoristas que trafegam pela BA-052, mais conhecida como Estrada do Feijão, ainda terão que aguardar mais de um ano pelo direito de percorrer seus 436 quilômetros sem correr risco de assaltos e acidentes, facilitados pelas péssimas condições de grande parte da pavimentação.
Uma licitação para reforma de rodovias foi lançada em 29 de março pelo governo do Estado. Inicialmente o resultado deveria sair até o final de maio. Mas, na semana passada, a assessoria de comunicação da Secretaria de Infraestrutura informou que somente no início de agosto será conhecido o vencedor da licitação.
Se não houver recursos das empresas derrotadas, as obras devem começar imediatamente e têm prazo de um ano para serem concluídas. Na Estrada do Feijão será reformado o trecho de 246 quilômetros entre Xique-Xique e Porto Feliz. Até lá, os produtores que escoam a safra agrícola ou os comerciantes que compram e vendem utilizando a rodovia, terão que sofrer mais um pouco. “Para vir aqui comprar nossa produção, os clientes querem desconto”, queixa-se o produtor de pinha João Machado.
Não é para menos. Segundo o representante comercial Fábio Pinheiro, que trabalha viajando pelas estradas da região, as revisões de alguns itens do carro que deveriam ser anuais, têm que ser feitas de três em três meses, elevando os gastos. “A cada revisão tem que gastar no mínimo R$ 500”, queixa-se.
Só cheque – Quem se desloca até a região de Irecê para vender ou entregar mercadorias, precisa tomar precauções. O motorista Rodrigo da Silva, que traz frangos de uma empresa de Conceição da Feira, vizinha de Feira de Santana, já foi assaltado três vezes, inclusive em plena luz do dia. A buraqueira o obriga a trafegar muito devagar, facilitando a ação dos bandidos. “Agora não se pode mais andar com dinheiro. A empresa só permite cheque”, explica.
Parado logo depois de uma curva na descida, o caminhoneiro José Carlos Santos respirava aliviado, por ter conseguido controlar o caminhão, escapando de um acidente mais grave. A roda dianteira direita travou completamente. Há anos ele transporta semanalmente material de construção de Feira de Santana para Irecê. “Quando a estrada estava boa se gastavam quatro horas no percurso onde agora se gastam oito”, calcula.
Toda a economia da região é prejudicada. “A pessoa só vem aqui em caso de extrema necessidade”, queixa-se o gerente de um hotel que prefere o anonimato, por temer as consequências políticas de suas queixas. O próprio prefeito da cidade, no entanto, reconhece a gravidade da situação. “Como deputado eu ia semanalmente para a Assembléia Legislativa e sofria na pele. Como prefeito é a mesma coisa. Sou cobrado o tempo todo”, admite o petista Zé das Virgens.
O consolo dele e dos demais usuários é a perspectiva de que a reforma seja duradoura. Pelas normas da concorrência, a vencedora ficará responsável pela manutenção durante cinco anos. É uma maneira de garantir um serviço de qualidade, já que vai dar prejuízo fazer reparos constantes, caso a pavimentação fique mal feita.
Desde 2005, ainda no governo Paulo Souto, a estrada vem sendo reformada aos poucos, a partir do seu início em Feira de Santana. Em 2007 Jaques Wagner entregou 38 quilômetros, entre Porto Feliz e Mundo Novo. Através da mesma licitação que vai reparar o restante até Xique-Xique, serão reformadas a BA 172 (trecho entre Javi e Santa Maria da Vitória) e BA 160 (Xique-Xique a Barra), num total de 700 quilômetros.
Fonte: Jornalismo Caraibas
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