A confusão, com direito a exibição de carta anônima, baixarias verbais e tentativas de agressão física, virou BO na Delegacia da Mulher da cidade situada a 108 quilômetros da capital, com promessas de processos criminal e cível.
O pivô do escândalo que virou fofoca de bar e destaque na imprensa de Feira é o vereador Ewerton Carneiro (PTN). O vereador é mais conhecido como Pastor Tom, devido ao trabalho como líder religioso em uma igreja evangélica.
Clímax
A sessão da última segunda mal tinha começado quando a mulher do pastor, Ana Paula, visivelmente em fúria, entrou no plenário da Casa com uma carta nas mãos. A correspondência digitada em computador continha relatos de um suposto caso entre o marido dela e a vereadora Cíntia Medrado (PSL).
“Ela começou a fazer xingamentos, a me acusar de perturbar a vida dele (do Pastor Tom), de perseguir, de ficar ligando para o telefone do vereador”, contou Cíntia. A parlamentar afirma que, após o início do bafafá, saiu do plenário, mas foi alcançada por Ana Paula.
Na área externa, o barraco recomeçou. “Disse a ela somente que me respeitasse, como representante legítima do povo e mulher de Deus. Mesmo assim, ela veio jogar a carta em mim e só não me agrediu porque um assessor e dois motoristas se jogaram na frente”, contou Cíntia.
Enquanto isso, o pivô da baixaria, agora apelidado de “Pastor Pegador” nas rodas de futrica da cidade, se manteve afastado da confusão, apesar de presente na Casa. A distância regulamentar adotada pelo vereador tem como provável motivo a história de amor entre ele e Cíntia.
Romance
A história é velha conhecida nos bastidores da política feirense. Ambos eram casados quando Cíntia, que estava em seu segundo mandato, e o novato Pastor Tom se separaram e assumiram publicamente o namoro no plenário da Casa. Meses depois, ficaram noivos.
Há cerca de oito meses, romperam o relacionamento, quando o vereador pastor voltou para a antiga mulher, que tem trajetória de líder evangélica e é apontada como maior cabo eleitoral do político, um ex-policial militar conhecido pela atuação na Rua Nova, bairro de classe média baixa de Feira.
“Fui noiva do esposo dela (de Ana Paula), nos relacionamos por dois anos. Mas, desde que terminamos, meu contato com ele é estritamente na Casa. Não temos nada”, destacou Cíntia. Mas por que, apesar do distanciamento, a rival invadiu a Câmara para acusá-la?
De acordo com um assessor parlamentar de Feira, que prefere não ser identificado, a baixaria tem origem na denúncia feita por Ana Paula no calor do barraco: a suposição de que ambos são sócios em uma clínica de oftalmologia que vem tentando emplacar convênios com a prefeitura.
“Sabíamos que ela vinha se queixando que ambos continuavam a se falar por conta desses supostos negócios, mas são coisas sem provas, só no campo da boataria”, disse a fonte. Ambos negam ter qualquer negócio juntos. Procurada, Ana Paula não foi encontrada para comentar o caso.
Desfecho
Cíntia e Tom, quando se relacionavam sem barracos |
Já Cíntia deu queixa, ainda na segunda, contra Ana Paula, na Delegacia da Mulher e, ontem, subiu à tribuna para se defender das acusações. Anunciou ainda que vai processá-la por calúnia, difamação e injúria e pediu que a rival seja barrada na Casa, devido às ameaças.
“Na minha vida parlamentar, nunca vi baixaria assim. É o preço que pago por ter me relacionado com gente desse nível”, afirma. Sobre o ex-noivo, só tem críticas: “Quero distância total. Ele foi omisso, o que o torna cúmplice dela”.
DO CORREIO
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